Ranking mundial da felicidade: Brasil está um pouco mais feliz do que há 10 anos

O novo “World Happiness Report” (Relatório Mundial da Felicidade), divulgado no fim de março deste ano, mostra que os brasileiros estão um pouco mais felizes do que estavam por volta de 12 anos atrás. O estudo realizado entre 2006 e 2010, com mais de 140 países, colocou o Brasil no 49º lugar no ranking mundial de países mais felizes, enquanto os resultados mais recentes nos posicionam na 44a posição. 

No topo da lista, os três primeiros lugares são ocupados respectivamente por Finlândia, Dinamarca e Islândia. Já os Estados Unidos (este ano em 23º lugar) saíram do top 20 pela primeira vez desde a primeira publicação do relatório em 2012. Esse resultado foi impulsionado por uma grande queda no bem-estar dos americanos com menos de 30 anos. E o Afeganistão continua no último lugar da classificação geral, como a nação “mais infeliz” do mundo.

Fruto da parceria entre a Gallup e o Centro de Pesquisa de Bem-Estar da Oxford, supervisionado pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU, o relatório deste ano se concentra em classificar a felicidade das pessoas em diferentes estágios da vida. Essa é a primeira vez que o estudo adota essa abordagem.

Com esses novos enfoques, descobrimos que a Lituânia encabeça a lista de jovens com menos de 30 anos mais felizes do mundo, enquanto a Dinamarca é líder para quem tem 60 anos ou mais. Ao comparar gerações, os nascidos antes de 1965 são, em média, mais felizes do que os nascidos desde 1980. Entre os millennials, a avaliação positiva da própria vida diminui a cada ano de idade, enquanto entre os boomers, a satisfação com a vida aumenta com a idade.

Segundo a pesquisa, na maioria dos países, a satisfação com a vida cai gradualmente desde a infância, passando pela adolescência até a idade adulta. Globalmente, os adolescentes entre 15 e 24 anos relatam maior contentamento do que os adultos de 25 anos ou mais. Mas esta disparidade está diminuindo na Europa e foi recentemente invertida na América do Norte, devido à queda na satisfação com a vida entre os mais jovens.

No Brasil a situação é complexa: o país ocupa a 60ª posição no ranking das pessoas abaixo dos 30 anos de idade, enquanto está em 37º entre a faixa etária acima dos 60. Ou seja, comparada a de outros países, aqui a população de terceira idade é mais feliz. Porém, quando comparamos apenas jovens e idosos brasileiros, percebeu-se que os jovens são mais felizes.

Pensando no público infanto-juvenil, a nível mundial, os jovens entre 15 e 24 anos experimentaram maior satisfação com a vida entre 2006 e 2019 e isso se manteve estável desde então. Porém, analisando recortes regionais, houve variações. O bem-estar da juventude caiu na América do Norte, oeste da Europa, Oriente Médio, Norte da África e Sul da Ásia. No resto do mundo aumentou.

Comparando homens e mulheres em países de alta renda, as meninas relatam menor satisfação com a vida do que os homens por volta dos 12 anos. Essa disparidade entre os gêneros aumenta aos 13 e 15 anos, e a pandemia ampliou essas desigualdades. 

Para idades entre 15 e 24 anos, dados globais não mostram diferenças de gênero de 2006 até 2013. Mas a partir de 2014, as meninas começaram a relatar mais satisfação com a vida do que os meninos, embora a diferença tenha se estreitado após a pandemia – movimento inverso comparado aos mais jovens. Vale ressaltar que a disparidade global de gênero mascara peculiaridades regionais e é mais pronunciada em países de renda mais baixa, sem diferenças observadas em países de rendimento elevado.

No estudo, as classificações se baseiam numa avaliação média de três anos de cada população sobre a sua qualidade de vida. Especialistas interdisciplinares das áreas de Economia, Psicologia, Sociologia, entre outras, tentam explicar as variações entre os países ao longo do tempo, usando fatores como PIB, expectativa de vida, ter com quem contar, sensação de liberdade, generosidade e percepções de corrupção.

Esses fatores ajudam a explicar as diferenças entre os países, enquanto as próprias classificações são baseadas apenas nas respostas que as pessoas dão quando solicitadas a avaliar suas próprias vidas.

Texto: Marcela Braz.