O Repertório Multifocal do Educador

O Repertório Multifocal do Educador

Quando pensamos em repertório, geralmente estabelecemos uma relação com o ato de representar! Fazemos uma interface com o(a) artista devido à sua versatilidade, capacidade multifocal de atuação e reelaboração de pensamento.

Todos exercemos diversos papéis sociais e profissionais e, em tempos líquidos, a necessidade de rápida adaptação é fundamental, daí o diferencial do repertório quanto a temas, assuntos e tendências, inclusive na sala de aula, onde constantemente nos deparamos com situações inesperadas e que exigem que coloquemos em prática a habilidade de tirar “cartas das mangas” e improvisar.

É importante não confundirmos a capacidade de improviso, característica fundamental para educadores, com a “gambiarra”. Afinal, improviso não é ausência de repertório ou planejamento, muito pelo contrário! O ator ou atriz só é capaz de fazê-lo quando tem competências muito bem desenvolvidas. O mesmo se dá com o professor!

No livro Empresas Exponenciais, o autor nos faz um alerta: “cuidado com o especialista”, e o classifica como alguém que explica o porquê algo não deve ser feito, mas não é o agente propositivo. O repertório diverso nos permite dar soluções inovadoras e livres de vícios ou situações limitantes.

No livro Mindset, a autora argumenta de forma parecida ao fazer paralelos entre mentes que se condicionam a modelos fixos e mentes que se permitem explorar o diverso, a expansão e o crescimento.

A BNCC é muito feliz quando normatiza a aplicação das 10 competências gerais de forma transversal e traz à tona a necessidade da prática para que de fato se exercite o repertório de toda a comunidade escolar, pois obriga que todos saiam de suas zonas de conforto e se motive a experenciar, fazendo da educação um laboratório, uma oficina de talentos, que não mais compreende o mundo e o conhecimento em caixinhas fixas e seguras.

Na sociedade 5.0, da qual não somente as máquinas mas a inteligência artificial concorrerão com o ser humano, os postos de trabalhos que existirão serão os que dependem das competências socioemocionais: sensibilidade, empatia, cooperação e demais valores humanos. Nestes tempos, a única certeza que temos é a mudança constante, nos mostrando que a capacidade de improvisar e se reinventar são peças fundamentais para a formação dos educadores do novo século.

A psicologia positiva também nos orienta neste sentido, reafirmando a importância de saber reagir ao inusitado e ao adverso com resiliência!

A Metodologia OPEE possibilita o desenvolvimento integral do indivíduo e o cuidado com o seu Projeto de Vida, fornecendo grande repertório sobre as profissões, tendências, novas tecnologias, inovações e como sermos agentes ativos, empregáveis e dotados de atitudes empreendedoras.

Entendemos portanto que o repertório não está nas respostas, mas nas perguntas que fazemos e nos processos de elaboração das mesmas. Isso nos conduz a muitas reflexões!

-Diante deste novo mundo, novo mercado de trabalho, de tantas evidências e pensamentos, vamos mesmo manter nossa sala de aula aos moldes do século XIX?

– Atualmente nossa mente atua ou mente?

– Nosso repertório nos auxilia a aproximar o discurso da prática?

-Temos abertura para o exercício da escuta ativa em nossas aulas ou seguimos o conteúdo como uma locomotiva?

– Conseguimos exercer o papel de mediador com excelência e compreender que o palco do desenvolvimento é de ambos:  aluno e professor?

– Entendemos que o aluno possui modalidades de aprendizagem que vão além do auditivo e do visual?

– Nos apropriamos de diferentes espaços para as aulas?

– Compreendemos que nem todas as nossas expectativas de aulas serão 100% supridas? Sabemos lidar com as frustrações?

– Mudamos de estratégia quando sentimos que a aula não fluiu de acordo com o esperado?

– Cuidamos bem do nosso Projeto de Vida para cuidar dos Projetos de Vida de outras pessoas?

– Compreendemos que o espaço de desenvolvimento humano não é o lugar de imposição ou verdades absolutas, mas de compreensão 3D de mundo e suas realidades plurais?

– Entendemos que uma mente que se abre para novas ideias não mais regride ao tamanho inicial?

Convido-os à fazerem outras provocações!

Referências:

As 21 Lições para o Século 21, por Yuval Noah Harari

Empresas Exponenciais, por Salim Ismail, Yuri Van Gees, Michael S. Malone

Mind Set, por Carol Dweck

Sociedade 5.0: O que é, Objetivos e Como Funciona <https://fia.com.br/blog/sociedade-5-0/