O medo e o filme “Órion e o medo do escuro”

Todos sabemos como é. Pode vir um frio, um embrulho no estômago, ficamos ofegantes, suamos e até trememos, tudo ao mesmo tempo. Pois é, o medo é uma das emoções mais desconfortáveis para nós. Outro motivo de incômodo é seu gatilho universal: ele aparece quando há uma ameaça de sofrermos algum tipo de dano, seja ele real ou imaginário. 

Por isso, entre seus estímulos está ele, o escuro. Porque no escuro não vemos com clareza. Não sabemos se aquela forma é a de uma folha, ou de uma barata. Se realmente tem alguém no seu quarto, ou se é apenas o mancebo, com várias roupas penduradas. Isso porque estamos na cidade, por vezes em um prédio, dentro de um apartamento. Trancado. Seguro. Mas imagine andar sozinho por uma floresta escura, sem lanterna. Medo.

E isso porque somos adultos. Mas o medo do escuro é uma questão frequente de crianças, cuja imaginação fértil facilmente vê um monstro debaixo da cama, ou dentro do armário. Quem garante que não há? 

Esse tema foi abordado de forma muito delicada no filme “Órion e o medo do escuro”, lançado este ano pela DreamWorks. Na animação, o carismático Escuro – uma personificação da ausência de luz –, fica chateado por ser tão mal visto pelas pessoas. Então ele convida Órion para embarcar em uma jornada por sua existência: passar um dia inteiro com ele. 

Vale lembrar que o menino se considerava muito medroso. O filme começa com uma longa lista de todos os seus medos, variando de altura a abelhas. E a escuridão é o maior deles. Então, enfrentar seu maior temor, dar as mãos a ele e encarar o desconhecido – onde poderiam estar inúmeras ameaças – não é uma tarefa fácil.

O que acontece no escuro? Como a ausência de luz afeta a natureza, os animais, os humanos e a vida no planeta? Como seria a vida sem ele, com o Sol reinando sobre a Terra todos os dias, sete dias por semana, 365 dias por ano, sem descanso? A animação aborda todas essas questões.

Mas além desse ser um filme infantil, em que as crianças podem aprender a não ver o escuro como algo ameaçador, há componentes para toda a família. A obra traz reflexões profundas sobre o enfrentamento de nossos temores, muitas vezes advindos do desconhecido. O medo do escuro é o de algo que não estamos vendo.

Ou seja, quando Órion se permite explorar o que teme e descobrir do que realmente se trata, percebe que não há motivos para temer. Trata-se de uma alusão a como encaramos a vida, seus mistérios e aquilo que não controlamos.

Podemos ter medo de fazer um exame médico, de abrir um e-mail do chefe, de começar nosso próprio negócio, de participar de uma competição… Tudo porque não sabemos no que vai dar. Ou seja, o estudo das possibilidades, a preparação e o conhecimento são elementos que podem dissipar, ou minimizar esse medo. Mas, em alguns casos, não tem jeito: é preciso dar as mãos ao medo e se jogar. Só assim saberemos. Só assim Órion soube.

Texto: Marcela Braz.

Professores brasileiros estão mais otimistas, revela o Estudo OPEE 2024!

Segundo o estudo da OPEE Educação, professores estão mais motivados com a carreira (nota de 8,2 de satisfação), 56 % possuem um projeto de vida claro e bem definido e 58% têm esperança de melhoria no futuro da educação

 

Imagem: Depositphotos

 

É com imensa alegria que publicamos a 3ª edição do Estudo OPEE – Educadores Brasileiros 2024. Este ano a temática pesquisada foi a importância da construção do projeto de vida na escola. Com mais de 1.500 participantes no estudo, ouvimos educadores de todos os segmentos que atuam em escolas públicas e privadas. Para ter acesso aos resultados, baixe gratuitamente o e-book e confira!


“A importância da construção do Projeto de Vida na escola” é tema da terceira edição do estudo elaborado pela OPEE Educação e executado pela Mercare! Educação. O levantamento, realizado de maio a setembro deste ano, entrevistou 1.514 educadores de escolas públicas e privadas de todas as regiões do país para identificar qual a importância da construção do projeto de vida na escola.

O mapeamento foi elaborado para analisar a evolução e o propósito dos educadores a fim de compreender como enxergam a importância do desenvolvimento do seu Projeto de Vida e dos alunos, além de observar como os educadores relacionam projetos de vida com competências socioemocionais e com uma cultura de paz.

Com o Dia dos Professores (15/10) batendo à porta, as questões acima assumem mais importância, ressaltando o educador como figura central na transformação social. Afinal, muitas situações têm sido enfrentadas no âmbito escolar nos últimos anos.

“A pandemia de Covid-19 mudou o cenário escolar e transformou da noite para o dia a rotina de aprendizagem de crianças e de adolescentes. As barreiras de aprendizagem foram muitas – falta de estrutura e ineficácia do meio on-line -, deixando a impressão de que, pelo menos dois anos foram perdidos, além de gerar consequências graves nos médio e longo prazos”, explica Silvana Pepe, diretora-geral da OPEE Educação.

 

Silvana Pepe – Diretora da OPEE Educação | Imagem: OPEE Educação

 


 

Carreira de propósito

 

Apesar dos desafios recentes e recorrentes, os professores brasileiros seguem motivados para exercerem a docência. Considerando os parâmetros de notas de 0 a dez, a nota de motivação (8,2) mostra o lado positivo da carreira, segundo o levantamento. 

No ranking dos motivadores, 52% citam o propósito e o impacto que a profissão gera no mundo, 35% afirmam gostar do que fazem; 10% citam a sua competência no ofício e apenas 3% citam o trabalho como forma de sustento. No comparativo, na primeira edição do estudo de 2022, a avaliação média de motivação dos educadores em relação à própria carreira foi de 7,7. Já na pesquisa em 2023, o índice caiu para 7,4.

O futuro da educação também aponta para o otimismo, segundo os respondentes: mais da metade (58%) têm esperança de melhoria na educação e 38% estão otimistas com possibilidades futuras.

“No contraponto da motivação, aspectos como a falta de valorização profissional, revelada pelos baixos salários, a sobrecarga e o burnout, os desafios com as famílias (a escola permitiu o acesso total das famílias no espaço educativo), o comportamento inadequado de alguns estudantes e as barreiras administrativas e estruturais foram citados”, informa Silvana.

 

Projeto de vida: ferramenta para uma cultura de paz

 

O projeto de vida está contemplado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que dita as diretrizes de aprendizagem da Educação Básica. Levando em conta a relevância do tema, os professores foram questionados sobre o seu próprio Projeto de Vida e nas respostas surgiram pontos como: 56% alegam ter um projeto de vida claro e bem definido; 33% estão procurando caminhos para desenvolver o seu projeto de vida; 8% estão tentando tirar do papel esse desenvolvimento pessoal e social e 3% não pensaram ou não acham necessário pensar sobre o tema.

Na pergunta “Como o Projeto de Vida é trabalhado em sua instituição de ensino?”, 42% dos educadores afirmam que ele é trabalhado em todos os ciclos de aprendizagem como uma disciplina específica; 22% trabalham em alguns ciclos como uma disciplina curricular específica; 16% em todos os ciclos de maneira transversal, 8% em alguns ciclos de maneira transversal e 12% afirmam que o Projeto é pouco ou não é trabalhado nas instituições de ensino.

Leo Fraiman – Autor da Metodologia OPEE | Imagem: Acervo Pessoal

“A reflexão sobre o Projeto de Vida dos educadores brasileiros trata de questões profundas e de grande impacto. Por meio dele (o Projeto de Vida), é que ganhamos a possibilidade de alinhar pensamentos, sentimentos e comportamentos e com isso conseguimos dar tração aos nossos objetivos. O autoconhecimento e as competências socioemocionais estão diretamente ligados com os fatores que promovem a construção de projetos de vida nobres”, afirma Leo Fraiman, psicoterapeuta, palestrante internacional, escritor e autor da metodologia OPEE. 

Seguindo a linha de Fraiman, a pesquisa endossa a importância de trabalhar o tema nas escolas a partir da perspectiva dos próprios educadores, que enxergam e reconhecem, quase em unanimidade, que existe uma relação fina entre a formação de projetos de vida e as competências socioemocionais (97%). 

Além disso, sabem dos benefícios de levar em conta o tema nas escolas: 78% dizem que quando as instituições definem o projeto como importante, os alunos são colocados como protagonistas na construção de seus projetos vitais, desenvolvendo o autoconhecimento, a empatia e a autonomia; 75% mencionam que esse caminho ajuda na formação integral dos alunos e contribui com o aprendizado das demais disciplinas. 

Outro dado interessante: quase todos os professores (95%) afirmam existir relação entre a formação de projetos de vida, o desenvolvimento de competências socioemocionais e a construção de uma cultura de paz. 

Para Leo Fraiman, é fundamental que os educadores reconheçam a importância de implementar uma cultura de paz nas escolas e que ela acontece por meio do autoconhecimento e do aprimoramento de competências emocionais, sociais e profissionais. “Sabemos que a sociedade está violenta e o desafio é unir os esforços entre a família e a escola para garantir um espaço de segurança psicológica, no qual há a possibilidade de que as crianças e jovens cresçam em um mundo de valores que priorizem o bem comum”, acrescenta o psicoterapeuta. 

 


Dados objetivos da pesquisa 

 

O ‘3º Estudo OPEE – Edição 2024 com educadores Brasileiros: a importância da construção do Projeto de Vida na escola’ foi conduzido, em sua maioria, com profissionais de educação de 24 anos até 64 anos, com prevalência da faixa etária de 35 a 54 anos (66%) e das cinco regiões do país (com o Sudeste sendo responsável pela maior fatia de participação – 35%).

O público feminino representa 89,76% e os educadores de escolas privadas são maioria, com 80% dos respondentes. A maioria dos educadores está na profissão há mais de 21 anos (38%). Já em relação aos cargos ocupados, 27% são professores polivalentes, 23% são professores especialistas e 20% coordenadores.

 

Diferença de percepção entre escolas públicas e privadas

 

O estudo levou em conta respondentes tanto de escolas públicas, quanto de escolas privadas, representando, respectivamente, 25% e 85% da amostragem. O percentual supera os 100% por considerar o duplo vínculo de alguns profissionais.

Quando indagados sobre a motivação do exercício do papel de educador, 44% dos representantes da escola privada se dizem muito motivados, enquanto na rede pública o índice é de 33%. Para 54% dos atuantes na rede privada, a razão da motivação está no propósito e no impacto que geram no mundo. Já nas escolas públicas, essa justificativa é válida para 44%.

No quesito ‘Seu Projeto de Vida’, as respostas foram semelhantes entre os dois universos de atuação: 57% dos respondentes da rede privada consideram ter um projeto de vida consistente, claro e bem definido. Na escola pública, o índice é de 55%. 

No quesito ‘Como o Projeto de Vida é trabalhado na instituição de ensino?’, 44% dos representantes da escola privada trabalham o projeto em todos os ciclos como uma disciplina específica e na rede pública, o índice foi de 35%.

Constatou-se semelhança na percepção da relação entre a formação dos projetos de vida e as competências socioemocionais. Para 97% da rede privada e para 95% da rede pública, ambos estão associados. Assim como ocorreu na pergunta anterior, as respostas foram praticamente unânimes no reconhecimento da relação entre a formação de projetos de vida, as competências socioemocionais e a construção de uma cultura de paz: 96% na escola privada e 94% na escola pública.

Sobre o futuro da educação, 38% dos respondentes da rede privada e 37% da rede pública estão otimistas; 57% dos que estão na rede privada têm esperanças de melhoria na educação e 59% dos respondentes da rede pública também depositam esperança na educação.

 


OPEE Educação

 

A OPEE Educação trabalha com projetos educacionais que abrangem toda a Educação Básica, Organizações Não-Governamentais e ambientes corporativos. O foco principal da instituição é contribuir para a construção de projetos de vida sustentáveis e colaborativos e da atitude empreendedora por meio de três linhas de atuação: Metodologia OPEE, formada por coleções de livros que vão desde a Educação Infantil até o Ensino Médio; Educa OPEE, com foco em cursos EAD para democratizar o processo de aprendizagem; e Escola Para Pais, com conteúdos digitais que visam orientar e trazer reflexões para as famílias no que se refere à educação de crianças e adolescentes.  

 

Release: Mira Comunicação.

 


Confira o destaque do Estudo OPEE na mídia:

 

Portal Terra: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude-mental/como-cuidar-da-saude-mental-do-professor,1902084e0085f0c9a07fe50f5b3dfd5fcnfvclze.html

MSN: https://www.msn.com/pt-br/noticias/educacao/como-cuidar-da-sa%C3%BAde-mental-do-professor/ar-AA1shhvQ

Portal Guia Escolas: https://portalguiaescolas.com.br/professores-brasileiros-estao-mais-otimistas-revela-pesquisa-nacional-com-educadores/

Facebook Guia Escolas: https://www.facebook.com/guiaescolas?locale=pt_BR

Folha de Pernambuco: https://www.folhape.com.br/colunistas/papo-de-primeira/professores-brasileiros-estao-mais-otimistas-revela-pesquisa-nacional-com-educadores/47089/

Jornal O Estado de S. Paulo – Caderno Edu. Especial Dia dos Professores (15/10): https://www.estadao.com.br/educacao/como-cuidar-da-saude-mental-do-professor/

Folha de Pernambuco: https://www.folhape.com.br/colunistas/papo-de-primeira/professores-brasileiros-estao-mais-otimistas-revela-pesquisa-nacional-com-educadores/47089/

Educador 21: https://educador21.com/pesquisa-revela-professores-brasileiros-estao-mais-otimistas/

Entrevista da Rádio Trianon (Programa Gente que Fala): https://youtu.be/vhpo31JuUfM?si=OP2d_D7ronkoApyw

Leo na Mídia: Portal Conteúdo Aberto – Qual seu projeto de vida para os seus educadores?

Em seu novo artigo no Portal Conteúdo Aberto da @ftdeducacao, Prof. Leo Fraiman faz uma linda reflexão sobre o seu projeto de vida para os seus educadores.

Leo destaca que “Vivemos hoje um mundo cada vez mais exigente, com famílias cada vez mais demandantes, estudantes com questões sociais e emocionais cada vez mais frágeis, então não é possível educarmos os estudantes de hoje com as mesmas ferramentas de 5, 10 ou 20 anos atrás.”

Confira o artigo AQUI!

Efeitos golem e pigmaleão: nosso poder sobre o desempenho escolar dos alunos

Nos anos 1960, o psicólogo americano Bob Rosenthal descobriu que a expectativa dos professores pode influenciar os alunos e afetar sua performance na escola. Ele chamou essa descoberta de efeito pigmaleão, em referência ao mito grego do escultor Pigmaleão, que gostou tanto de uma de suas estátuas que os deuses deram vida a ela.

O fenômeno é semelhante ao efeito placebo, quando um paciente melhora de um sintoma físico, ou se cura, sem que tenha tomado um fármaco com eficácia comprovada – ele se cura a partir da sua crença de estar sendo curado. Mas, no caso do efeito pigmaleão, a convicção beneficia o outro, em vez de o autor da certeza.

Ao longo dos anos, a descoberta foi testada em centenas de estudos no exército, em universidades, nos tribunais, em famílias, em casas de repouso e em empresas, conforme elenca o livro “Humanidade – uma história otimista do homem”, de Rutger Bregman. O autor reforça como altas expectativas podem ser uma ferramenta poderosa que, usada por administradores, por exemplo, leva funcionários a terem melhor performance.

E o contrário, por sua vez, também é verdadeiro. O chamado efeito golem, o de ter expectativas negativas em relação a alguém, está relacionado à lenda judaica de um golem – criatura feita de barro, que ganha vida. Criado para proteger os cidadãos judeus de um gueto de Praga, na República Tcheca, o ser mítico acaba se transformando em um monstro.

Menos estudado pela comunidade científica do que o pigmaleão, o efeito golem “faz maus alunos ficarem ainda mais atrasados, pessoas em situação de rua perderem as esperanças e adolescentes marginalizados se radicalizarem”, escreve Bregman. Ele também relaciona seus malefícios às consequências do racismo sobre as populações não brancas, sujeitas a baixas expectativas e, por isso, têm seu desempenho prejudicado.

Décadas depois da formulação dessas teorias, o resultado desses fenômenos pode ser observado em nossas próprias vidas e nas de nossos conhecidos. Basta pensar nas atividades e nas matérias escolares em que se foi incentivado ou elogiado, ou no que os adultos diziam sobre sua inteligência e sua capacidade dentro e fora da escola. 

Além do posicionamento e da expectativa dos professores e cuidadores, existem muitos outros fatores biopsicossociais implicados no rendimento escolar. Ou seja, estão envolvidos nessa equação desde a genética e os aspectos biológicos e psicológicos, até os contextos sociais e ambientais nos quais o jovem está inserido e aos quais está exposto.

Assim, o professor não é responsável inteiramente pela aprendizagem dos alunos. Mas é um personagem fundamental, para além da didática, como mostram os efeitos golem e o pigmaleão. Sabemos que somos seres sociais, que nos espelhamos uns nos outros e precisamos ser aceitos pelo bando para garantir a sobrevivência.

Então, além de investir em aulas ricas, didáticas e envolventes, também é importante considerar: qual é o impacto das nossas expectativas sobre os alunos? Quais tendências estamos incentivando: o efeito golem, ou o pigmaleão?

Texto: Marcela Braz.

Como ser um educador antirracista?

Para responder a pergunta do título deste post, trazemos alguns pontos importantes do livro homônimo de Bárbara Carine, mestra e doutora em Ensino de Química, idealizadora, sócia e consultora pedagógica da Maria Felipa, primeira escola afro-brasileira do país. A obra propõe práticas antirracistas tanto nas ações pedagógicas como na formação dos educadores, assunto com o qual Bárbara tem mais de 12 anos de experiência de atuação.

A professora, escritora e empresária nos convida a sermos sementes de transformação social. “A escola é um complexo social fundamental no processo de transformação da realidade social; ela é influenciada pelo sistema, ao passo que, em contrapartida, também o influencia, uma vez que forma pessoas que vão ocupar e ajudar a construir todas as demais instâncias sociais”, explica ela no livro. Por isso, a escola precisa ser uma aliada no enfrentamento das opressões estruturais, como o racismo.

Assim, na primeira parte de “Como ser um educador antirracista”, ela explica as estruturas racistas sob as quais fomos todos criados, como funciona o privilégio branco, o que é a branquitude e a importância de sermos antirracistas, mais do que não sermos racistas. E o primeiro passoé reconhecer o mito da democracia racial brasileira e nos colocarmos nesse papel ativo, humilde, de aprender e melhorar.

Bárbara lembra que racismo é crime e está previsto na Lei n. 7.716/1989, que inclui ofensas baseadas em “raça”, etnia, religião ou origem. Nesse contexto, xingar alguém de “macaco”, “betume”, ou “asfalto”, por exemplo, não é bullying, é injúria racial, outro crime previsto na Lei n. 14.532/2023. 

Por isso, a escola precisa pensar em como lidar com esses casos compreendendo os aspectos estruturais envolvidos. Não adianta fazer com que a criança ofensora, que disse algo racista a outra, peça desculpas para a outra e encerre o assunto ali. Segundo a autora, a questão é mais complexa.


Aspectos para se pensar

O ambiente escolar precisa levar em consideração vários quesitos. O currículo inclui a história negra de mais de 300 mil anos, que não começou com a escravidão nas Américas? Há representação de pessoas negras nas literaturas utilizadas? Na estética da escola – paredes, outdoors, placas, panfletos – há pessoas negras? Elas estão no corpo profissional escolar, em cargos de direção, coordenação, administração?

Além disso, a escola precisa investir no letramento racial de educadores, ou seja, assumir um compromisso continuado para que todas as pessoas que ali atuam, não apenas os professores, aprendam como as relações raciais estão postas em nossa sociedade e consigam desconstruir esses modelos internos e ter ações mais responsáveis.


A força do projeto pedagógico

Para formar pessoas com um entendimento social e cultural mais completo, a Escola Maria Felipa inclui nas práticas pedagógicas as relações étnico-raciais. Por exemplo, ensina as crianças sobre as potências da cultura afro-brasileira, como capoeira, maculelê, samba, culinária ancestral (feijoada, acarajé), mitologia de orixá e aritmética com base em artefatos matemáticos africanos. Bem como o aprendizado sobre formas geométricas baseado em tranças nagô e papiros e fractais africanos.O livro apresenta muitos outros exemplos de como enriquecer o currículo escolar com essas informações valiosas. Isso cumpre com os requisitos da legislação, que obriga o ensino de cultura e história africana e afro-brasileira em toda a extensão curricular da educação básica, bem como ajuda a construir a fundação para as práticas antirracistas, desde a formação dos educadores, até a das crianças.

Além disso, a empresária salienta a necessidade de valorizarmos e celebrarmos a diversidade para enfrentar o problema da evasão escolar e ter um olhar decolonial para as datas comemorativas, incluindo dias voltados para questões afro-brasileiras.


O que podemos fazer hoje?

Bárbara aponta alguns caminhos:

  • ao receber alguma piada racista, ao vivo, ou em alguma rede social, seja um veículo de denúncia e conscientização;
  • sugira a contratação de pessoas negras onde você trabalha, principalmente em cargos de poder;
  • na construção curricular, paute os conhecimentos ancestrais africanos e indígenas fora de um lugar de estereotipagem e rebaixamento;
  • represente graficamente pessoas negras e indígenas na estética da escola a partir de uma perspectiva positiva;
  • fomente a leitura de literatura negra e indígena nas proposições didáticas escolares;
  • organize na escola programas de formação de educadores com foco no letramento racial;
  • apresente intelectuais e personalidades negras e indígenas aos estudantes, com o objetivo de ressignificar a noção de humanidade e inteligência atual, que é excludente e racista.

Com esse novo olhar e novas práticas, sejamos todos construtores de uma sociedade efetivamente democrática, que inclua e represente a maioria quantitativa populacional brasileira, que é negra. Cada leitura, cada semente, cada comentário faz a diferença. Nosso impacto no mundo é relevante e podemos usá-lo para construir o tecido social que queremos deixar para as próximas gerações.

Texto: Marcela Braz.

Participe do 3º Estudo OPEE Educadores Brasileiros 2024: a importância da construção do Projeto de Vida na escola

Convidamos os educadores brasileiros para participar do “3º Estudo OPEE Educadores Brasileiros 2024: a importância da construção do Projeto de Vida na escola” que é um importante mapeamento do perfil atual dos educadores de escolas públicas e privadas, de todos os estados brasileiros, realizado pela Metodologia OPEE/ FTD Educação, pelo terceiro ano consecutivo.

Sua participação será anônima e levará menos de 5 minutos. Basta responder o questionário pelo link ou QR Code abaixo:

https://pt.surveymonkey.com/r/3EstudoOPEE


 

Sobre o Estudo OPEE Educadores Brasileiros

Pelo terceiro ano consecutivo a OPEE Educação aplica o “Estudo OPEE Educadores Brasileiros”, que tem como objetivo mapear o cenário pedagógico e escolar brasileiro nos últimos 12 meses, contando com a participação de escolas das áreas pública e privada, de todas as regiões do país. 

Em 2022 o foco principal do estudo foi ouvir os educadores quando as aulas presenciais tinham retornado, avaliar sua motivação e entender os reflexos da pandemia de Covid 2019 na educação. Otimismo e propósito foram as principais palavras associadas aos depoimentos dos professores e gestores brasileiros. 

Já em 2023, além de fazer uma análise comparativa da motivação e do propósito dos educadores em relação ao ano anterior, o estudo buscou compreender a percepção desses educadores em relação à educação na era digital. O resultado apontou que a maioria considera como desfavoráveis as consequências da tecnologia no progresso de crianças e adolescentes, por esses estarem usando excessivamente as telas sem acompanhamento familiar. Vale também destacar que mais de 80% desses educadores considerou que a prática do bullying e o cyberbullying são favorecidas pela tecnologia.

Agora em 2024 estamos lançando o 3º Estudo OPEE Educadores Brasileiros 2024: “A importância da construção do Projeto de Vida na escola”, que mantém a análise evolutiva em relação à motivação e ao propósito dos educadores ao longo dos anos, mas traz como foco principal avaliar como esses educadores enxergam a importância do desenvolvimento do Projeto de Vida dos alunos.

A METODOLOGIA OPEE ESTÁ CONCORRENDO AO PRÊMIO TOP EDUCAÇAO 2024!

A Metodologia OPEE está concorrendo ao Prêmio Top Educação 2024 como melhor programa de educação socioemocional.

O prêmio reconhece, anualmente, as marcas mais lembradas entre as empresas que atuam na área de educação. 

Contamos com seu voto para que a Metodologia OPEE conquiste o Prêmio Top Educação 2024 como melhor programa de educação socioemocional.


Para votar na OPEE é muito simples e rápido:

  • Acesse o site premiotopeducacao.com.br e faça um breve cadastro (link)
  • Selecione a categoria Programa de Educação Socioemocional.
  • Escolha a OPEE.
  • Cada CPF pode votar apenas uma vez por categoria.
  • A votação estará aberta até 20 de agosto de 2024.

A Metodologia OPEE é pioneira e líder de vendas no mercado socioemocional, atuando há mais de 23 anos nas escolas do Brasil. Hoje são mais de 1.500 escolas parceiras em 26 estados brasileiros e em mais de 600 cidades.

Somos a única metodologia de transformação social apresentada como case de sucesso em Genebra na sede da ONU.

Vamos juntos conquistar esse prêmio! Vote agora pelo link: https://premiotopeducacao.com.br/

Visite o site da OPEE Educação e acompanhe nossas redes sociais! 

 

  • Site: opee.com.br
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Como ministrar uma aula envolvente e vencer a dispersão dos alunos

Como ministrar uma aula envolvente e vencer a dispersão dos alunos

Manter o foco e a atenção nunca foi tão difícil. Vivemos em tempos acelerados, com excesso de telas e de estímulos, sendo processados por cérebros adaptados para uma vida de milhões de anos atrás.

As crianças e adolescentes ainda não têm o córtex pré-frontal totalmente desenvolvido, e é essa a parte do nosso sistema nervoso responsável por funções emocionais e cognitivas, dentre elas a atenção. Por essas e outras características do público infantojuvenil, vencer a dispersão dos alunos é um trabalho ativo.

Veja abaixo algumas sugestões do livro “Como ensinar bem a crianças e adolescentes de hoje”, de Leo Fraiman:

  • Estilo: é o modo como cada um se comunica, é sua marca registrada. Questione-se: esse estilo funciona? Quem me inspira como comunicador? Posso incorporar ou desenvolver algumas de suas características? Represento um bom modelo para meus alunos?
  • Gestos e expressões faciais: a comunicação não verbal pode falar mais alto do que as palavras. Os gestos reforçam o que está sendo dito, bem como o tom de voz. Dizer aos alunos que vão fazer uma atividade interessante, em um tom animado, faz toda a diferença. Ou seja, é muito importante alinhar o discurso a essa expressividade Além disso, manter o contato visual com os alunos e andar pela sala gera mais interatividade, e a tendência é a de nos sentirmos mais motivados a escutá-los. Apenas tome cuidado para não gesticular demais, ou ficar mexendo em um objeto, como uma caneta, por exemplo, para não desviar a atenção do que está sendo dito para esses movimentos.
  • Espontaneidade: a identificação com o outro nos deixa mais relaxados e com vontade de escutar o que está sendo dito. Isso nos permite rir, se algum aluno disser alguma coisa engraçada. Trazer algo de nossa humanidade, compartilhar quando estamos adoentados e precisamos de uma colaboração maior deles. Mostrar interesse em manter um bom clima em sala de aula estimula os alunos a se abrirem mais e a escutarem mais atentamente.
  • Ritmo e inflexão de voz: dão forma e elegância a nosso discurso. Esses elementos, ao lado do bom uso da pausa, dão a cadência da fala, tornando-a atraente e dando foco aos assuntos relevantes. Com ritmo e inflexão, organizamos a escuta de nosso aluno ao apontar quais são os pontos importantes do conteúdo, direcionando sua atenção.
  • Dicção: é a pronúncia correta e precisa das palavras, que facilita a compreensão daquilo que falamos e ajuda o aluno a fixar sua atenção. A esse respeito, é importante evitar empregar cacoetes em excesso, como “né”, “só”, “então”, “veja bem”, entre outros.
  • Respiração: quando não respiramos bem, terminamos o dia muito cansados e com a fala prejudicada. A respiração deve partir do abdômen, ou do diafragma, e ser profunda e silenciosa. Assim, ela produz uma voz rica em tonalidades, gera menos desgaste às cordas vocais e dá mais poder à fala. O ar deve ser inspirado pelo nariz e expirado pela boca.
  • Eloquência: que significa energia e motivação, exprime sentimentos, desejos e emoções. Treinar a eloquência é ter a capacidade de direcionar a emoção, algo indispensável para se falar em público. Ao falarmos, é necessário nos entusiasmar e transmitir honestidade para que nossos alunos sintam vontade de aprender o que estamos ensinando.
  • Improviso: é a capacidade de desenvolver uma ideia ou responder a perguntas que surgem no momento da fala, que não haviam sido planejadas. Para isso, é importante conhecer muito bem o tema a ser abordado na aula, assim como opiniões contrárias às suas. Então pesquise continuamente argumentos para um possível improviso.
  • Postura: coloque-se em uma postura corporal e facial aberta. Ou seja, inicie a aula com expressão agradável, sorrindo, em vez de com a cara fechada. Evite também entrar em sala e se dirigir diretamente à lousa, ou permanecer o tempo todo sentado. Isso pode dar a entender que não deseja estar ali, ou que não se está à vontade.

De maneira geral, é importante solicitar feedbacks dos nossos educandos continuamente sobre como eles estão processando os conteúdos. Começar a aula com a recapitulação do que foi aprendido na aula anterior, apresentar uma agenda com os temas a serem tratados ao longo das aulas e fazer uma retomada ao final da aula são outras estratégias que podemos aplicar para tornar nossos conteúdos mais envolventes e didáticos. Boa aula!

Texto: Marcela Braz.