Como ministrar uma aula envolvente e vencer a dispersão dos alunos

Como ministrar uma aula envolvente e vencer a dispersão dos alunos

Manter o foco e a atenção nunca foi tão difícil. Vivemos em tempos acelerados, com excesso de telas e de estímulos, sendo processados por cérebros adaptados para uma vida de milhões de anos atrás.

As crianças e adolescentes ainda não têm o córtex pré-frontal totalmente desenvolvido, e é essa a parte do nosso sistema nervoso responsável por funções emocionais e cognitivas, dentre elas a atenção. Por essas e outras características do público infantojuvenil, vencer a dispersão dos alunos é um trabalho ativo.

Veja abaixo algumas sugestões do livro “Como ensinar bem a crianças e adolescentes de hoje”, de Leo Fraiman:

  • Estilo: é o modo como cada um se comunica, é sua marca registrada. Questione-se: esse estilo funciona? Quem me inspira como comunicador? Posso incorporar ou desenvolver algumas de suas características? Represento um bom modelo para meus alunos?
  • Gestos e expressões faciais: a comunicação não verbal pode falar mais alto do que as palavras. Os gestos reforçam o que está sendo dito, bem como o tom de voz. Dizer aos alunos que vão fazer uma atividade interessante, em um tom animado, faz toda a diferença. Ou seja, é muito importante alinhar o discurso a essa expressividade Além disso, manter o contato visual com os alunos e andar pela sala gera mais interatividade, e a tendência é a de nos sentirmos mais motivados a escutá-los. Apenas tome cuidado para não gesticular demais, ou ficar mexendo em um objeto, como uma caneta, por exemplo, para não desviar a atenção do que está sendo dito para esses movimentos.
  • Espontaneidade: a identificação com o outro nos deixa mais relaxados e com vontade de escutar o que está sendo dito. Isso nos permite rir, se algum aluno disser alguma coisa engraçada. Trazer algo de nossa humanidade, compartilhar quando estamos adoentados e precisamos de uma colaboração maior deles. Mostrar interesse em manter um bom clima em sala de aula estimula os alunos a se abrirem mais e a escutarem mais atentamente.
  • Ritmo e inflexão de voz: dão forma e elegância a nosso discurso. Esses elementos, ao lado do bom uso da pausa, dão a cadência da fala, tornando-a atraente e dando foco aos assuntos relevantes. Com ritmo e inflexão, organizamos a escuta de nosso aluno ao apontar quais são os pontos importantes do conteúdo, direcionando sua atenção.
  • Dicção: é a pronúncia correta e precisa das palavras, que facilita a compreensão daquilo que falamos e ajuda o aluno a fixar sua atenção. A esse respeito, é importante evitar empregar cacoetes em excesso, como “né”, “só”, “então”, “veja bem”, entre outros.
  • Respiração: quando não respiramos bem, terminamos o dia muito cansados e com a fala prejudicada. A respiração deve partir do abdômen, ou do diafragma, e ser profunda e silenciosa. Assim, ela produz uma voz rica em tonalidades, gera menos desgaste às cordas vocais e dá mais poder à fala. O ar deve ser inspirado pelo nariz e expirado pela boca.
  • Eloquência: que significa energia e motivação, exprime sentimentos, desejos e emoções. Treinar a eloquência é ter a capacidade de direcionar a emoção, algo indispensável para se falar em público. Ao falarmos, é necessário nos entusiasmar e transmitir honestidade para que nossos alunos sintam vontade de aprender o que estamos ensinando.
  • Improviso: é a capacidade de desenvolver uma ideia ou responder a perguntas que surgem no momento da fala, que não haviam sido planejadas. Para isso, é importante conhecer muito bem o tema a ser abordado na aula, assim como opiniões contrárias às suas. Então pesquise continuamente argumentos para um possível improviso.
  • Postura: coloque-se em uma postura corporal e facial aberta. Ou seja, inicie a aula com expressão agradável, sorrindo, em vez de com a cara fechada. Evite também entrar em sala e se dirigir diretamente à lousa, ou permanecer o tempo todo sentado. Isso pode dar a entender que não deseja estar ali, ou que não se está à vontade.

De maneira geral, é importante solicitar feedbacks dos nossos educandos continuamente sobre como eles estão processando os conteúdos. Começar a aula com a recapitulação do que foi aprendido na aula anterior, apresentar uma agenda com os temas a serem tratados ao longo das aulas e fazer uma retomada ao final da aula são outras estratégias que podemos aplicar para tornar nossos conteúdos mais envolventes e didáticos. Boa aula!

Texto: Marcela Braz.